segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Sou um intelectual!

A exclamação acima é resultado da surpresa que tive ao saber que um dos dois ou três presumíveis leitores do blog fez uma declaração, por telefone, de que eu era metido a intelectual.
Fui desmascarado.

Meus leitores não são muitos. Geralmente, eu tenho que ligar para alguém e perguntar: " Você viu o meu blog?". Outras vezes eu questiono:"Você leu o que eu postei ontem?" e a pessoa responde: "Onde? Ah, não. Faz um tempão que eu não acesso seu blog".

Acredito que a baixa frequência seja pelas postagens demasiadamente intelectuais que coloco por aqui. Ou então pelo vocabulário assaz rebuscado. Talvez, os mais freqüentes sejam os incontáveis anônimos que passam por aqui sem deixar rastros ou comentários. A estes que se arriscam, peço que me entendam. Este é o meu jeito.

E como não consigo fugir da minha sina, deixo aqui com você (provável leitor) as minhas inquietudes intelecto-filosóficas atuais.

Por que os políticos berram nos comícios se eles falam ao microfone?

Por que sempre que a gente está dormindo, toca o telefone e a pessoa pergunta se te acordou, a gente disfarça a voz e diz: “Não....não, tava dormindo não”. Por que ?

Por que as pessoas quando estão palitando os dentes à mesa, cobrem a boca com a mão?

Por que todo motorista de táxi tem sempre um caminho estranho?

Por que sempre que a gente está andando na rua e dá uma topada que dói muito, a gente disfarça e só vai passar a mão quando dobra a esquina?

Por que alguns elevadores ainda tem ascensoristas?

Por que quando pão está quente a gente diz que está fresco?

Por que os computadores são tão inseguros? É um tal de “tem certeza que quer excluir?” pra cá , “tem certeza que quer download” pra lá...

Por que os gatos sempre deitam em cima de uma revista que a gente está lendo?

Por que, quando o trânsito está ruim e a gente quer mudar de pista e põe a seta , o carro na outra faixa acelera pra não te deixar entrar ?

Por que existe papel higiênico com perfume?

Por que têm artistas que exigem 100 toalhas brancas?

Por que toda pessoa que tem mau hálito não saca que tem ?

Por que em shows de música se insiste com aquela encenação do bis?

Por que quando a gente encontra alguém que não vê há muito tempo, a gente sempre fala “Vamos nos ligar”, “Vamos combinar alguma coisa...” quando a gente sabe que não vai?

Por que existe lápis de cor branco?

Por que a palavra “porque” , quando usada para pergunta , se escreve separada e para afirmação se escreve tudo junto?

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Prazer nas coisas boas da vida.

"O sujeito decide praticar ginástica, dedica-se a higienes rigorosas para estar em forma, produz todo um photoshop pessoal na expectativa de um prazer a que não irá se autorizar: se ele se dedicar ao prazer, vai desgastar-se e comprometer aquele estado físico a que chegou justamente... para ter prazer".
Este é o pensamento de Contardo Calligaris, psicanalista italiano que tem umas idéias bem interessantes. Além de achar que nós não nos preocupamos com o prazer na nossa vida, ele acha que a gente se boicota o ter prazer na vida em geral com a justificativa de se buscar o prazer. Paradoxal, claro.
No passado, a religião se tornou a máquina de controle para manejar isso. Hoje, ele reflete que o papel foi substituído pela medicina. Ela teria sido chamada para exercer a polícia de costumes e o controle das vidas.Não pode isso, tem que ter aquilo, isso faz mal, etc. Comer chocolate faz mal para isso e isto, porém, o amargo faz bem a isso e aquilo. Loucura.
Ele vai além e diz que até o sexo entrou na roda. Segundo ele, as pessoas fazem pouco sexo e transam mal. Por que? Os casais têm preguiça, estão com sono, têm de acordar cedo...
Isso me faz lembrar de Woody Allen quando em seu filme a namorada pergunta se ele acha que sexo é sujo e ele responde:"Só quando é bom."

domingo, 5 de outubro de 2008

Um poema.

Tonight I can write the saddest lines

Tonight I can write the saddest lines.
Write, for example,'The night is shattered
and the blue stars shiver in the distance.
'The night wind revolves in the sky and sings.
Tonight I can write the saddest lines.
I loved her, and sometimes she loved me too.
Through nights like this one I held her in my arms
I kissed her again and again under the endless sky.
She loved me sometimes, and I loved her too.
How could one not have loved her great still eyes.
Tonight I can write the saddest lines.
To think that I do not have her.
To feel that I have lost her.
To hear the immense night,
still more immense without her.
And the verse falls to the soul like dew to the pasture.
What does it matter that my love could not keep her.
The night is shattered and she is not with me.
This is all.
In the distance someone is singing.
In the distance.
My soul is not satisfied that it has lost her.
My sight searches for her as though to go to her.
My heart looks for her, and she is not with me.
The same night whitening the same trees.
We, of that time, are no longer the same.
I no longer love her, that's certain, but how I loved her.
My voice tried to find the wind to touch her hearing.
Another's.
She will be another's.
Like my kisses before.
Her void.
Her bright body.
Her inifinite eyes.
I no longer love her, that's certain, but maybe
I love her.
Love is so short, forgetting is so long.
Because through nights like this one I held her in my arms
my soul is not satisfied that it has lost her.
Though this be the last pain that she makes me suffer
and these the last verses
that I write for her.
Pablo Neruda