domingo, 24 de maio de 2009

Êta paixão

"Um carpinteiro de Taiwan comprou um DVD pornô e acabou descobrindo a traição de sua mulher. O filme foi gravado secretamente em um motel onde sua mulher manteve relações sexuais com um amigo do marido, segundo o jornal taiwanês "Liberty Times".

O marido, identificado apenas pelo sobrenome Lee, descobriu a traição da mulher após comprar o DVD em 2002. Em agosto de 2008, Lee atacou o açougueiro na cidade de Chungli e acertou uma facada na coxa do ex-amigo.

De acordo com o jornal, o filme pornográfico tinha sido feito com uma câmera escondida no motel e estava em um DVD chamado "casos com as esposas dos outros", que o marido comprou de um vendedor para assistir em casa.

Lee, que vive no Condado de Taoyuan, se separou da mulher depois de assistir ao filme. O ex-amigo fugiu da aldeia. O açougueiro processou Lee por agressão física, mas Lee não conseguiu processar o açougueiro por adultério, porque já havia passado cinco anos.

A Justiça pediu para os homens resolverem o caso fora dos tribunais, mas eles recusaram. Lee foi indiciado na terça-feira acusado de provocar danos corporais em outra pessoa, segundo relatou o jornal "Liberty Times".

Lee deve pegar menos de seis meses na prisão, pena que pode ser convertida em multa.
"

Alguns comentários que ouvi foram os de que a vida prega mesmo umas peças na gente. O homem vai em busca de algo para apimentar sua vida sexual,procura um DVD pornô e dá de cara com sua mulher lá. Outra pessoa disse que isso é que era paixão. Ele procura e encontra a mulher dele em todo lugar. A vida, como ela é!

domingo, 17 de maio de 2009

Beauvoir e Sartre.

Li na Folha este trecho de uma entrevista com Fernanda Montenegro.

"Em Beauvoir, por trás do discurso emancipacionista e da defesa do amor livre, parece haver traços de romantismo. Digo isso porque, em "Viver sem Tempos Mortos", a personagem comenta a relação com Jean-Paul Sartre desta maneira: "Nossa vida não tinha sentido para além do nosso amor".

Fernanda - Mas será que é romântico? Ela diz uma coisa que eles cumpriram: o amor estava acima das vidas, e nada modificaria isso, nem uma possível separação, nem futuras paixões, nem a guerra. Portanto, não acho que seja uma visão romântica. A não ser que, toda vez que se fale de amor, a gente vá lá e o derrube com esse rótulo. Ela estava falando de um amor acima de futura separação, de futuras paixões e mesmo de uma guerra. E isso eles cumpriram, mesmo sem mais nenhum interesse sexual. Acima da relação sexual. Só se for uma visão romântica à la Schiller, Goethe, lá nos primórdios da conceituaçao do romantismo. "

Quantos no mundo podem ter "a sorte de um amor tranquilo com sabor de fruta mordida", como diz Cazuza?

Eu visitei, um dia, o cemitério de Montparnasse, e logo que entrei, um túmulo me chamou a atenção. Era o de Sartre e de Beauvoir, ali juntamente eternizados como prova de tudo que foi dito anteriormente.

A despeito do que os outros dizem, e com um pedido sincero de desculpas às futuras amantes, eu tenho alguém para dividir meu descanso.



domingo, 10 de maio de 2009

O quarto.

Meu pai desapareceu quando eu era criança. Num dia qualquer ele saiu sem se despedir e nunca mais voltou.

Minha mãe cuidou de nós, isto é, de mim e de minhas irmãs. Crescemos sem ele.

Eu me casei com uma mulher muito geniosa. Ela era do tipo que tinha as palavras certas para as horas certas. Minha mãe gostava dela. Em brigas e discussões, era do lado dela que minha mãe ficava.

E então a vida transcorria calmamente quando uma notícia surpreendente chegou até meus ouvidos: seu pai está aí!

Como assim? Como ele podia reaparecer se ele tinha , digamos, por assim dizer, morrido? Mas ele tinha voltado.

Depois de algum tempo de explicação, estranhamento e adaptação, a família estava, enfim, completa. Todos nós felizes de novo. Minha mãe tinha se readaptado ao ronco de um homem ao seu lado. Acredito que o que facilitou sua readaptação tenha sido um charme que ele ainda conservava. Havia envelhecido, mas para minha mãe continuava atraente.

Num dia qualquer, do qual eu já não me lembro, meu pai começou a fazer as mesmas coisas que ele fazia antes de desaparecer. Nós notávamos isso. E para não deixar mais que a situação se repetisse, decidimos trancá-lo no quarto. Minha mãe assistia a tudo sem dizer nada. Estava feliz em tê-lo ali, mesmo que trancado no quarto. Ainda mais porque desta vez, enquanto minha mulher fechava a porta, todos podiam ver meu pai desaparecendo de nossa vista, tendo ao seu lado, uma mala no chão. Sim, estávamos certos de que ele o faria se não fosse a decisão de trancá-lo no quarto.

Mais um dia se passou e encontramos minha mãe, na cozinha, olhando fixamente por cima da mesa, como se pensasse na vida, no que iria fazer... pensamento ao longe... inexpressivo.

Eu cheguei até ela e tive que me sentar ao ver que a porta do quarto estava aberta. Onde estavam as malas? O meu pai?

Alguém (já não me lembro direito) me explicou que assim que saímos, o meu pai tinha conseguido sair também. Ou talvez, minha mãe o tivesse ajudado. Eu não sabia o que pensar. Eu não podia acreditar.

Minha mãe olhou para mim e num gesto rápido, pegou uma lâmina de cortar papel que estava na mesa e veio para cima de mim. Ela queria me cortar e assim o fez, no meu ombro esquerdo. Graças às mãos que me protegiam eu tive um corte sim, mas de raspão. O sangue surgiu do risco em forma de filamento. Eu sabia que cortes não precisavam ser profundos para isso acontecer. Sabia que iria sangrar bastante, mas que iria estancar, sem precisar de pontos cirúrgicos.

Ela estava ali, olhando fixamente para mim, com a mão segurando a lâmina. E alguém segurando sua mão. Era certo que eu parecia com meu pai, mas ela estava descontando aquilo tudo em mim. Isto não era justo. Talvez, sendo eu seu único filho e não uma de suas filhas, ela transferia para mim o desejo de ter feito aquilo com meu pai.

Este que desaparecera. Mais uma vez. Deixando minha mãe sozinha na cozinha. Com uma lâmina na mão.

domingo, 3 de maio de 2009

Ann Pachett

"Só porque as coisas não saíram como você esperava não significa que tudo deu errado... o segredo é encontrar um equilíbrio entre correr atrás até o que você quer e estar aberto às coisas que acabam por chegar até você."

sábado, 2 de maio de 2009

Mulheres sedutoras.

Uma vez escutei uma frase que não saiu mais da minha cabeça: "Há mulheres que não querem ser amadas, elas querem ser desejadas".
Ao ler um texto da revista Veja, transcrevo aqui parte do que a psicanalista Betty Milan disse sobre isso:

"Ser livre é querer o que a gente pode". De imediato, não entendi.

Recentemente, na coluna semanal que mantenho em Veja.com, respondi a uma leitora cuja história ilustra a frase de Sartre. Apesar de casada, ela não resiste ao ímpeto de seduzir, empenhando-se em conquistar outros homens. Aproxima-se até conseguir. Não faz sexo, só procura despertar o sentimento amoroso. Quer o pretendente aos seus pés.

Como o personagem Don Juan, essa leitora seduz pelo gosto de vencer a resistência e se afirmar. Como ele, não ama ninguém. Amor, só por si mesma. Serve-se dos homens para suscitar a paixão e se sentir vitoriosa. A sua referência é a guerra e o fim que justifica os meios.

Mas ela sofre com o ímpeto a que está sujeita. Sobretudo quando o seduzido se apaixona e quer uma relação que ela não pode sustentar. Conquistar é um imperativo a que obedece cegamente e que não a deixa viver como deseja. Trata-se de um imperativo que a impede de ser livre.

Nos termos de Françoise Sagan, ela não é livre porque quer o que não pode. O austríaco Sigmund Freud, criador da psicanálise, diria que está sujeita a uma compulsão inconsciente, e esta a faz agir como um robô, pois se entrega a uma caçada que não interessa e resulta num contínuo desassossego.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Pai, afasta de mim esse "cale-se"

Em pleno 2009, ainda não temos o direito de falar o que queremos.

O politicamente correto nos impede de falar o que sentimos e pensamos.

Os rabos presos também.

Eu sei o quanto é ruim recebermos críticas, mas quando vêm de forma embasada, elas podem ser de grande ajuda para se dar um melhoramento nas nossas ações.

Eu gosto muito de discutir com gente inteligente. Mesmo que eu não concorde, gosto de ver como a pessoa expressa seus pensamentos. Não importa muito se concordando, ou não, eu refino meus argumentos, adiciono visões que tinham me escapado. Tudo por conta do pensamento do outro. Isto é liberdade. Isto é democracia. Isto é do que eu gosto.

Mas sei que não falo tudo.

As pessoas, no geral, tomam as críticas para o lado pessoal. Muitas são melindrosas.

É uma pena. Todos perdem uma oportunidade de crescer com pontos de vista diferentes. A isenção de antes em poder criticar o que não se tinha gostado, se transforma em cúmplice de maus gostos. Tudo por conta de favores trocados. Dívidas assumidas em trocas de elogios mútuos para satisfazerem o ego de cada um e não aborrecer ninguém.

Para aqueles que quiserem uma dica, quando eu gosto de alguma coisa, eu falo.

Quando não, eu me calo.

Por isso, não me perguntem se eu gostei de algo. Não vou conseguir mentir e você pode não gostar do que vai escutar.

Curta na tela.

"Fessô, você sabe que poderia ser um psicólogo?"
"Eu, por que?"
"Você fala umas coisas que poê a gente para pensar.Quando você fala, a gente entende."

Pensei em dizer, não disse, só pensei:

Minha querida, psicólogo não fala. E quando fala, a gente não entende.