domingo, 2 de maio de 2010

Eu carrego meus amigos comigo.

Eu não tenho receio de alguém que eu ame morrer.

A ausência pode fazer as pessoas ficarem ainda mais próximas da gente. Posso andar e carregar comigo todos eles na minha alma, sem peso, sem obstáculos. Estarão mais presentes do que nunca, morando em mim.

Eu tenho receio é da minha morte.

Porque com ela, a lembrança dos meus se vai também. Coisas que eu poderia dizer que os meus amigos teriam dito, casos e causos que eu contaria sobre essa ou aquela pessoa, fotos que eu revelaria de uma situação especial, pensamentos característicos de um e de outro, todos iriam comigo. Eu sou a chama permanente que acende a memória dos que eu amo.

Quando eu me for, lembranças dos que se foram e que jamais poderão ser relembrados irão comigo. Aí, sim, eles vão estar mais desaparecidos. Aos poucos, assim como numa polaróide às avessas, eles vão sumindo da vista, diluindo-se no papel da vida.

Quem vai defendê-los, quem vai justificá-los, quem vai revelá-los?