terça-feira, 15 de julho de 2008

Aniversários particulares.

Há 4 anos, eu me mudava para onde vivo hoje. Eu precisei de uns 2 anos para eu começar a sentir que este lugar era meu. Rubem Alves diz que o nosso lugar precisa estar como uma praça de andorinhas, cheia do cheiro delas, para que elas voltem no ano seguinte.
Eu perdi o meu cheiro de infância e de anos e anos vividos no Prado. De residencial, o lugar passou a ser mais comercial. Os vizinhos foram embora, morreram, tudo mudou. Antigamente as casas eram enormes com quartos imensos onde os irmãos dormiam juntos. Hoje os apartamentos são minúsculos e os irmãos dormem cada um em seu quarto. Meus sobrinhos mais novos não sabem o que é um barracão no fundo da casa, escadas com corrimão no jardim, quintal com mangueira, muro para conversar com vizinho e terraço para tomar sol. Casas foram ao chão e prédios, em nome da modernidade, foram erguidos para abrigar mais pessoas, mais carros, mais confusão. Os antigos moradores morreram e os filhos, cada um com os seus problemas e dívidas, rapidamente venderamm as casas dos pais. Anos de história vêm abaixo. Acho que acontece o que deverá acontecer também com minha família.
Hoje moro num bairro residencial. Mas não tenho história com ele. Vou para casa para dormir. Não sei os nomes das ruas. Não conheço meus vizinhos. Não sei onde posso achar o produto mais barato e nem desviar do trânsito pelas ruas adjacentes na hora do rush. Não sei cortar caminhos.
Dentro de casa também tem pouca história devido ao pouco tempo que passo dentro dela. Mas o que existe nela já tem mais o meu cheiro. Gosto de viver aqui.
Poucas pessoas freqüentam a minha casa além de mim. As que vêm aqui são porque são importantes. Sou cachorro no horóscopo chinês e talvez isto explique a minha relação com o meu lugar: pequeno ou grande, mas território meu. É aqui que eu me guardo.


Também hoje faz 2 anos que, definitivamente, freqüento uma escola de dança de salão. A dança tem se tornado importante para mim. Nestas férias vou ao Rio fazer um curso com pessoas de vários lugares do país. Eu não tinha isso em meus planos. É mais uma que a vida apronta para mim. Quando voltar, devo escrever sobre a experiência. Vamos ver o que estará reservado a mim.

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