Um recém emancipado garoto de 18 anos saiu para caçar no interior da selva amazônica como era de costume. Afinal de contas, seu pai já tinha lhe passado os segredos e os ofícios de caçador .Várias vezes que faltava comida em sua casa, lá ia ele até à mata conseguir um macaco, uma paca ou um tatu.
Mas naquele dia ele não voltou.
O pai saiu à sua procura. Os bombeiros, que normalmente em casos como esse procuram até o terceiro dia de desaparecimento, foram compelidos pelo pai a buscar por mais tempo. O pai dizia que não descansaria enquanto não o encontrassem: vivo ou morto.
Sábado passado o pai o encontrou. Depois de 49 dis de busca, o rapaz foi encontrado a 69 km de sua casa, 20 kg mais magro dos seus já parcos 50 kg: ferido, de cueca e camiseta, picado por todos os tipos de insetos e desidratado.
O pai o pegou no colo. Alguns insetos saíram de sua boca. Ele tentou balbuciar alguma palavra ao ver que o pai estava lá. Cerrou os dentes e se foi. Morreu nos braços do pai.
Apesar do óbvio conteúdo trágico e infeliz desta história, quem tem ouvidos para enxergar, que vejam; olhos para escutar, que ouçam: que bela história de amor paterno-filial. A não desistência da busca que se mescla à própria sobrevivência. O alívio ao abrir os olhos e reconhecer a face buscada e relaxar. Se deixar ir.
A busca do pai, do Outro. Não é preciso se perder nas florestas da vida para podermos imaginar o momento único de redenção de todos os esforços do rapaz e de alegria ao encontrar e, mais ainda, em saber que existia alguém à busca dele. Seja este Outro quem quer que seja. Ele soube que não tinham desistido dele.
Como deve ser bonito este encontro.
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