domingo, 21 de outubro de 2018

Entro no elevador com uma mulher loira, bonita, malhada, tatuada e que carregava em seu colo seu filho de um ano e pouco, talvez. Eu a cumprimento em vão, sem retorno. Ela é muito bonita para ser também educada, deve pensar assim.
Naquelas TVs de elevador, via anunciado a vitória do Hexa do Cruzeiro. Ela aponta para o infante nos braços e diz: “olha lá, filho, quem são?” Ao que ele responde com o pouco conhecimento da língua materna (duplo sentido, ok?): é Malia. Tal qual Cebolinha, ele tenta dar sentido a algo que seu corpo ainda não dá conta.
A mãe ri. “Sim, são as Marias!”.
Esse pequeno fragmento de segundos me leva a ter vergonha alheia. 

Uma mãe tenta ensinar ao filho que aqueles homens não valem nada, são motivos de chacota, são risíveis e, portanto, são chamados de Maria, um nome feminino (teria aqui ideologia de gênero? O que é ser homem? E mulher?) e popular, de viés religioso, que muitos pais dão esse nome às suas filhas em homenagem à mãe de Jesus.
Há muito do que se tirar dessa cena, mas me fixo em um só. Desde pequeno esse garoto aprende que há os ELES e NÓS e que nós somos melhores do que eles e que eles não devem ser respeitados e valorizados pelos seus feitos somente porque não são… nós.
E assim caminha a humanidade, a passos de formiga e sem vontade (Lulu Santos).


PS: não sou cruzeirense.

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