O nordeste atrai muitos turistas. Muitos casais. Eles eram apenas mais um casal no meio daquela gente que subia e descia a escada que havia sido coberta por um manto em celebração da festa santa. A escada se deitava no morro, que separava a igreja e o manguezal. Ali era o Outeiro da Glória.
O casal, que estava em lua de mel, como tantos ali, se misturavam ao povo local. Em sua maioria, donas de casa com pele queimada de sol, panos coloridos na cabeça, rebolantes no seu vai-e-vem dos degraus e com filhos como pencas de bananas, dependurados pelos braços e pelas mãos. Os recém-casados param em frente a uma das muitas lojinhas que circulava a igreja. Vendia-se de tudo. A recém assim denominada esposa se encontra com os produtos artesanais de cores fortes exibidos na parede de uma loja, à beira da rua, caiada de branco e perfumada de sisal.
O vendedor era um típico nativo da região: cabelos crespos, mas longos, quase rastafári. Cor de madeira, braços bem torneados à mostra. Muito conversador, mas simpático. E sua amabilidade é tanta que ele se oferece por levar o casal para o rio que havia perto do manguezal, lá embaixo do morro. O casal prontamente aceita, mas o marido sabia que no final da escada, próximo ao mangue, havia o mar, não o rio.
Isto porque no dia anterior ele estivera ali, enquanto sua amada dormia e, por isso, desconhecia que aquele lugar era um déjà vu para seu marido. Enquanto ele pega as sacolas, o rapaz da loja conduz a esposa para baixo do morro: os dois iam sorridentes, conversando. Ele,todo prestativo, mostrando e explicando tudo do lugar. O marido, atrapalhado com as sacolas, é parado várias vezes pelos moradores da vila. Uns perguntavam se estavam gostando da estadia, outros, crianças, riam do seu empenho em carregar sozinho as várias sacolas e bolsas e ainda conseguir descer a escada coberta pelo manto santo. Foi quando então ele se deu conta de que no meio daquela pequena multidão, ele havia perdido o casal à vista.
Ele sentiu uma pontada no peito. Era o ciúme falando mais alto. Lá iam o vendedor sedutor e sua esposa, sozinhos, num lugar onde o nativo conhecia como a palma de sua mão. Mas por que sua esposa não o esperara? O que estariam fazendo agora? E a dor no peito se transformou numa resignação: o que tinha que acontecer aconteceria. Não havia mais nada a fazer naquele momento. O que ele poderia fazer? Sair em busca deles? Perambular pela região sem nunca encontrá-los? Não. Seria assumir um papel de bobo reservado a ele.
E as pessoas continuavam a pará-lo e a oferecê-lo comidas típicas. Crianças riam em sua direção com aquela curiosidade de quando se indaga: de onde ele vem? O que estará fazendo aqui no meio da escada, com tanta bagagem? Ele se maravilha com a movimentação. No dia anterior ele não tinha podido, mas agora, saca sua câmera fotográfica e começa a tirar fotos. Procura ângulos onde as cores fortes predominam. Aquele céu azul, sol forte contrastando mais ainda as nuances daquele lugar que parecia tão exótico. Lembrava sua idéia que tinha de Cuba.
Ele sentiu uma pontada no peito. Era o ciúme falando mais alto. Lá iam o vendedor sedutor e sua esposa, sozinhos, num lugar onde o nativo conhecia como a palma de sua mão. Mas por que sua esposa não o esperara? O que estariam fazendo agora? E a dor no peito se transformou numa resignação: o que tinha que acontecer aconteceria. Não havia mais nada a fazer naquele momento. O que ele poderia fazer? Sair em busca deles? Perambular pela região sem nunca encontrá-los? Não. Seria assumir um papel de bobo reservado a ele.
E as pessoas continuavam a pará-lo e a oferecê-lo comidas típicas. Crianças riam em sua direção com aquela curiosidade de quando se indaga: de onde ele vem? O que estará fazendo aqui no meio da escada, com tanta bagagem? Ele se maravilha com a movimentação. No dia anterior ele não tinha podido, mas agora, saca sua câmera fotográfica e começa a tirar fotos. Procura ângulos onde as cores fortes predominam. Aquele céu azul, sol forte contrastando mais ainda as nuances daquele lugar que parecia tão exótico. Lembrava sua idéia que tinha de Cuba.
Ele então olha para baixo, para onde a escada terminava. Um pedaço de chão e mais à frente uma vegetação alta. Ele fitava aquele muro verde de folhas e imaginava vê-los regressar. Molhados. Disfarce perfeito. Uma dúvida cruel lhe assolava. Ele, o nativo, voltaria na frente, ela, logo atrás, arrumando o cabelo, dizendo que tinha sido ótimo e que ele deveria ter ido também, pois eles o tinham esperado o tempo todo. E o nativo passaria por ele, daria uma tapa nas suas costas e diria: “E aí véio?”
3 comentários:
Eu me lembro!!!!
Me lembro de quando você me contou!!!
Termina o texto, Rodrigo!
O que acontece!?
Aqui... corre lá porque ela pode ser morta, viu!
Que coisa! Me deixa aflita!
Calma! Este é o meu fim. Que tal vc propor o seu fim?
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