domingo, 15 de junho de 2008

Ensaio.


Não me interessa o espetáculo.
Nele já há a confirmação do que é possível.
A apresentação é a atração e beleza por si mesmas.
Naqueles poucos minutos, os corpos já ensaiados demonstram o resultado, o clímax de uma série de horas intermináveis de repetição, concentração e superação. Os corpos já se encontram alinhados, trabalhados, exatos.
O meu olhar se desvia para os bastidores onde o que se pretende ainda não existe concretamente. Há o espaço para o vir a ser. E o meu olhar de desloca para o olhar do aprendiz que observa, detalha, registra.
Me interessam o momento criativo, a música escolhida, o passo que traduz em movimentos a emoção que se sente.
O coreógrafo imagina, e solitário precisa do outro para se realizar. O outro é o veículo do sentimento do criador e nesta dependência equilibrada e harmônica (ah, sim porque o aprendiz está com sede do aprendizado), dá-se o início ao grande espetáculo: a dança.
Os sentimentos se materializam em passos e estes num vai-e-vem de ondas e giros e braços e olhares. As personagens vão se formando e aqueles seres que começaram já não são mais os mesmos.
Transformação pela dança.
É aqui onde meus olhos repousam.

3 comentários:

Lívia Dias disse...

Pois então, saboreie o meu ensaio!
Porque na apresentação, clímax do meu esforço, quero vc tão preparado (pronto e concretizado)quanto eu!

Rodrigo disse...

Pode deixar comigo. Estarei na fila do gargarejo.

Rodrigo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.